segunda-feira, 26 de outubro de 2009

YAMAHA TT125-A primeira Moto Trail do Brasil



Quem obseva essa 2tempos nem imagina que o modelo já foi lançado a 30 anos aqui no Brasil pela Yamaha.

Se trata da YAMAHA TT 125, (TT=sigla de “TODO TERRENO”),moto 2 tempos do tipo Trail.

Em 1979 a fabricante se adiantou na frente das outras, em teoria de motocicletas ON-OFF road e lançou a primeira moto trail no Brasil.

Nesta época, a DT era modelo apenas fabricado no exterior, e já contava com refrigeração liquida, freio a disco dianteiro etc...

Enquanto isso no Brasil os nossos trilheiros tinham que se contentar com a “nova TT” que mais era uma RX (modelo street da época) com um pouco mais de altura, o modelo também contava com aros 19 dianteiro e 18 traseiro, molas helicoidais externas na suspensão dianteira ( as molas ficavam dentro das sanfonas) e uma escape que se dizia esportivo, tipo um modelo dimensionado.


A HONDA,concorrente direta da YAMAHA, já havia lançado a FS 125, e não fez muito sucesso na época, já que era de preferência um modelo mais esportivo.

A TT contava com uma motor 2 tempos que possuía respostas mais rápidas e maior design do que a FS 125 mesmo sendo 4 tempos.

A Honda Fs era lerda e desengonçada para o trail e o consumo da TT apesar de alto, na época era uma tanto irrelevante pelo combustível ser bem barato.

Porem por ser um dos primeiros modelos trail nacional a YAMAHA teve de correr atrás de um modelo mais “ atualizado”.

Já havia rumores pela HONDA em se lançar a XL, ou a XLX 250, então em 2 ou três anos.

Assim a YAMAHA lança a DT 180 nacional refrigerada a ar e aos poucos a TT foi se extinguindo dando espaço a DT.

Nos dias atuais,a YAMAHA conta com a TT-r modelo dedicado exclusivamente ao Trail, e provável irmã mais nova da antiga TTzinha,moto que marcou época e hoje praticamente extinta.


Painel com velocímetro+conta giros e tanque para 7 litros


Para conhecer mais da primeira Trail Nacional de fábrica,leia o artigo descrito pelo repórter Josias Silveira,lançado no mês de Setembro Do ano de 1979 pela Revista Duas Rodas motociclismo n” 51 – ano 6:

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Derivada da Rx125, a Yamaha TT é a primeira moto trail nacional de fábrica.
Além de rodar em trânsito urbano,este modelo permite várias modalidades de esporte
fora-de-estrada

No restaurante na beira da estrada,os motociclistas normalmente chegam pe lo a sfalto, e estacionam para descansar um pouco.
Um outro grupo,"estranho",também chega de moto.

Os pilotos estão sujos,cheios de carapichos e as motos,cobert as de lama surgem do meio do mato,desprezando a pista lisa e asfaltada.
Na saída,estes motociclistas,enlameados e sorridentes,preferem a rodovia.Este tipo de opção - asfalto ou "barrancos" - é a principal atração das trail(do inglês liter al mente trilha ou picada),motos que podem rodar dentro-ou-fora-de-estrada (on-off-road).

Depois da interrupção das importações,vários fabricantes de equipamentos e revendedores brasileiros tentaram manter o mercado criado pelas importadas DT(yamaha),Ts(suzuki), Xl(Honda) ou mesmo as SX(Harley Davidson),todas significando modelos todo-terreno.

Assim durante quatro anos,a maioria das motocicletas nacionalizadas passou por transformações- mais ou menos bem sucedidas- para fazê-las mais proximas dessas trail,uma fusão surgida praticamente na indústria motociclística japonesa,que no final da década passada passou a produzí-las em larga escala,com veículos de maior destaque para as competições que para o lazer/trabalho.



Depois de mais de dez anos da primeira trail nipônica,é lançada a primeira todo-terreno nacional de fábrica,com todas as limitações e vantagens destes modelos,
além das inevitáveis adequações às condições às condições brasileiras": é a Yamaha TT,mais uma 125cc -desta vez com alguma originalidade em relação ao que já é industrializado no País.

A Todo-Terreno de Garulhos

A apresentação de um protótipo no Salão do automóvel,no final do ano passado,certamente diminuiu o impacto do lançamento mas não a expectativa sobre a Todo-Terreno da Yamaha,que conseguiu respostas mercadológicas até inéditas,antes mesmo de sua comercialização.

Mantendo sua filosofia de utilizar ao máximo os componentes existentes na sua linha(Rx80 e Rx125),a Yamaha baseou sua Trail à brasileira na mecânica e estrutura p asseio d a Rx 125, completando-a com equipamentos especialmente projetados para o n ovo modelo.



O conjunto motor/Câmbio é idêntico ao da Rx,de mesma cilindrada -com um acabamento diferente ,em preto fosco - assim como o quadro,ainda a mesma estrutura básica da Rx com alguns reforços de montagem e soldagem.

Laterais,roda traseira,freios,sistema elétrico,painel e outros detalhes também são os mesmos da linha de passeio 123cm³ da YAMAHA.


Oque surguiu de novidade - no Brasil,é óbvio - teve inspiração na linha Dt japonesa,com várias simplificações visando diminuir custos/facilitar industrialização,e os resultados,senão adequados ao mercado nacional,são pelo menos razoáveis em relação ao rendimento esperado no asfalto ou fora dele e são,principalmente inovadores na estética já bastante conheci d a de motos nacionais de rua,nos até 125 cc.



O tanque,bem semelhante ao da antiga Dt125, é muito adequado para o modelo, permitindo manobras fora-de-estrada com bastante liberdade,sem suas dimensões atrapalharem
as pernas em manter mais difíceis.

Porém,sua capacidade total(de 7,0 litros) não permite muita autonomia ,um dado importante na situação atual,com postos fechando durante dois dias seguidos.
O guidão,tipo cross,é amplo e dá boa maneabilidade tanto no asfalto como na terra,onde sua largura é fundamental para manobras que exigem mais força ou apoio.

Um detalhe,sua travessa atrapalha a entrada da chave de ignição.O pára-lamas traseiro,assim como a lanterna também traseira,lembra uma série da Rd50/75,mas ist o não impede
que completem o desenho da TT.

O pára-lamas dianteiro,alto e próprio das foras-de-estrada, traz a útil novidade de janelas aletadas na direção do motor,com dupla função:melhorar a refrigeração,canalizando mais ar para
o cilindro,além de abrandar o arrasto aerodinâmico normal neste tipo de acessório quando,em velocidades próximas da máquina,o pára-lamas são em plástico.

Nas rodas(traseira de Rx,aro 18 e dianteira com aro 19) foram colocados pneus nacionais,com um desenho de maior aderência para a terra,sem ter,contudomos altos gomos de modelo essencialmente para a terra pouco apropriados para o asfalto.

Estas rodas - com sistema de freios ainda da RX, com acabamento preto fosco - estão ligadas á suspensões mais reforçadas e de maior curso.
O garfo telescópico dianteiro teve seu curso aumentado em 20mm e a traseira recebeu amortecedores um pouco mais reforçados,segundo a fábrica.

Outro acessório novo, na linha Yamaha/Brasil, é o sistema de escapamento.
Lembra um "Dimensionado" de pistas de velocidade e,apesar de razoavelmente integrado no aspecto visual da moto,nada tem a ver com uma Trail.

Ao contrário do que sempre existiu nos modelos japoneses anteriores da Yamaha para todo terreno,este escape,saindo por baixo do motor,rouba em torno de 10 centímetros de altura livre do solo e é totalmente inadequado para uma motocicleta que pretende enfrentar barrancos e trilhas no mato.

Em várias situações,nos testes fora-de-estrada,a posição do escapamento foi um empecilho para ultrapassar alguns obstáculos maiores.

Este escapamento,sem dúvida,deve merecer modificações urgentes da fábrica.

Uma todo terreno pretende reunir as condições de rodagem de motos passeio(em ruas e estrada) com as de trial(competição em terrenos acidentados,de baixa velocidade,e que exige muita habilidade e tranquilidade dos pilotos),e ainda um pouco do rendimento das agressivas e rápidas cross em pistas de terra.Realmente,são situações muito diferentes e todo projeto,por mais bem sucedido, sempre acaba trazendo qualidades para um tipo de terreno,ou exigência,e consequentes desvantagens para outros.


Nas antigas Yamaha Dt,por exemplo,a primeira marcha era bastante reduzida,para facilitar
subidas íngremes em barrancos ou morros.
Apesar da Dt enfrentar bem estas situações em terra,com sua primeira marcha sendo muito adequada,no asfalto sentia-se um "buraco" entre a primeira e segunda,que atrapalhava sua aceleração.

Na TT,o câmbio é o mesmo da Rx,com escalonamento mais linear,passeio,e somente a relação final foi modificada: o pinhão de 16 dentes foi reduzido para 15,mudando a relação secundária de 2,187(da RX) para 2,333.Porém,como o pneu traseiro é um pouco maior(300 X 18 da TT,contra 275 X 18 da RX)a redução não foi muito significativa.

Resultado: no asfalto, aTT continua uma moto até bastante rápida para a categoria(chegando a 107 km/h, enquanto a Rx chega aos 112) e em todo terreno falta um pouco de torque em baixa velocidade.


A solução é simples,basta diminuir um pouco mais o pinhão,ou colocar uma coroa maior(como a da Rx 80,por exemplo),e a TT ficará com uma velocidade um pouco mais baixa(entre 95 e 100 km/h de final, o que seria mais recomendável para uma trail desta cilindrada) e um comportamento melhor para sua condição de todo-terreno.Ao que parece, a fábrica deixou a opção para o motociclista.

Devido a situações com essa - onde o asfalto e a terra não permitem uma solução ideal e única - as medições da Yamaha TT no asfalto são muito relativas,com poucas diferenças da Rx(DRM nº45)tem performance, justificadas praticamente por um dente a menos no pinhão.Se fosse colocada a mesma engrenagem de 16 dentes na TT - já que as duas motos diferem de peso em apenas três quilos,segundo a fabrica - os resultados seriam praticamente os mesmos.
A suspensão,ponto fundamental também numa fora-de-estrada,é bastante confortável e estável em ruas e estradas asfaltadas,mas o comportamento em terrenos acidentados é apenas razoável.

A suspensão dianteira,de bom curso, poderia ficar mais firme com a troca e/ou aumento da quantidade de óleo,mas na traseira faltam amortecedores mais rígidos e apropriados,além da falta de indispensável regulagem.
Este modelo de amortecedor é encontrado até em motos fora-de-estrada adaptadas por revendas.

Conclusões

Fazendo uma trail,a Yamaha encontrou uma ótima utilização para seu agressivo motor de dois tempos - de características já bem conhecidas na RX - que se adaptou muito bem num novo modelo, que exige um rendimento certamente esportivo.
A estrutura maior destaque para o uso na terra,longe do asfalto.


Na cidade e em estradas asfaltadas o rendimento é bem semelhante ao da RX, com uma aceleração de maior rapidez,ainda que isso limite um pouco sua velocidade final. A estabilidade é boa,considerando que o tipo de pneus não deixa grandes margens para curvas muito rápidas ou inclinadas no asfalto.

O sistema de freios,bastante progressivo, é seguro em ruas e rodovias facilmnete adaptável ao fora-do-asfalto.

A estética, - novamente original em meio às milhares de motos passeios - e o porte mais imponente para a cilindrada devem atrair muitos motociclistas que querem unir,num único veículo, trabalho e lazer.

No entanto,persistem alguns problemas já tradicionais na marca,como a falta de tranca no banco e tanque,além de duas chaves diferentes para acionar a ignição e a trava de guidão,dois equipamentos não muito bem posicionados.

Uma vez que a fábrica parece ter optado por uma tentativa de custos menores em toda a linha,alguns equipamentos deveriam ser pelo menos opcionais,como seria caso,nesta moto,de amortecedores mais sofisticados na traseira, um cabeçote para duas velas(uma de reserva),uma camara do pneu traseiro parafusada no aro e até detalhes como o cobre corrente - é idêntico ao passeio - ou pedaleiras com molas de retorno.

De qualquer forma,seu modelo versátil permitirá várias adaptações fora-de-fábrica,dependendo do motociclista,que pode ter maior preferência por chegar pelo asfalto ou por trilhas no meio do mato.

Josias silveira.


Ficha técnica

Motor:tipo monocilíndrico de 2 tempos,refrigerado a ar,válvula de palheta(Torque induction),carburador Mikuni 24mm de venturi,autolube(lubrificação automática);
Cinlindrada- 123cc; Potência Máxima - 12,5 HP a 7,500 rpm
Torque Máximo - 1m15 Kgm e 6.500 rpm
Diâmetro e curso- 56 X 50 mm;
Taxa de compressão - 7,0:1;
Transmissão - 5 velocidades,embreagem multidisco em banho de óleo,partida por pedal,transmissão secundária(pinhão de 15 dentes e coroa com 35)por corrente;
Dimensões - comprimento - 1.920mm; Largura - 870mm, Altura - 1,270mm; Distância entre eixos - 1.235mm; Distância mínima do solo - 165mm;
Capacidade tanque de combustível - 7,0 litros(com reserva) Capacidade tanque de oleo - 1,5 litro; Peso - 92kg(dado de fábrica); Pneus - Dianteiro 2.75 x 19, traseiro 3.00 X 18 , ambos tipo trail;
Freios - dianteiro e traseiro a tambor,acionamento mecânico; Sistema Elétrico - Magneto e bateria, 6 volts;
Quadro - tubular duplo; Suspensão - dianteira com garfo telescópico,molas helicodiais externas e amortecimento hidráulico; traseira com braço oscilante, molas helicodiais acopladas a amortecedores hidráulicos, sem regulagem.

Nova Yamaha TT:Todo terreno


Agradecimentos á MotaHc pelo texto de introdução e de toda a reportagem digitalizada!

[[Ciclo2tempos]]